É muito bom ter uma rotina cheia. De verdade.
Tem gente que acha cansativo, estressante, que a vida tá indo rápido demais… mas pra mim, é exatamente o contrário.
Quando meu dia tá ocupado, cheio de coisas pra fazer, minha cabeça entra no eixo. Não sobra tempo pra drama, pra lembrança ruim, pra criar mil histórias que só existem dentro da minha mente. Sempre fui do time que acredita: “mente vazia é oficina do diabo”. E olha… é mesmo.
Porque quando não tem nada pra fazer, a mente começa a inventar.
E nunca é coisa boa. A gente lembra de quem foi embora, das coisas que deram errado, das promessas que não foram cumpridas, dos sentimentos que machucaram. Começa a imaginar situações que não aconteceram, a duvidar das próprias escolhas, a se comparar com outras pessoas, a sentir medo do futuro, saudade do passado, angústia do presente. É uma confusão interna que só cresce.
Mas quando o dia começa cedo e vai até tarde, quando tem tarefa atrás de tarefa, riscando a lista de coisas pra fazer, a gente nem tem tempo de alimentar esses pensamentos. E isso é libertador. Porque não é só questão de estar ocupada por estar — é sobre se sentir útil, se sentir viva, se sentir parte de algo. Quando você tem uma rotina que te movimenta, que te tira da cama, que te coloca em contato com outras pessoas, com desafios, com metas… sua mente agradece. De verdade.
Eu não tô dizendo que é pra fugir dos sentimentos, nem fingir que tá tudo certo o tempo todo.
Mas tem coisa que melhora quando a gente para de se prender tanto ao que sente e começa a agir. Quando o corpo se mexe, a mente vai junto. Quando a gente se ocupa com o que importa, o que machuca perde espaço. Tem tristeza que só melhora com movimento. Tem ansiedade que acalma quando a gente tá produzindo. Tem pensamento ruim que simplesmente some quando o foco muda.
Já percebi que, nos dias em que não tenho nada pra fazer, fico mais vulnerável. Me pego remoendo coisas que nem fazem mais sentido. Pensando em situações que já passaram, em palavras que já deviam ter sido esquecidas, em dores que eu mesma mantenho vivas só por não ter com o que me distrair. E é por isso que eu aprendi a valorizar cada compromisso, cada rotina, cada tarefa do meu dia. Não é só sobre produtividade, é sobre saúde mental.
Ter uma rotina cheia não significa não ter tempo pra mim.
Significa escolher onde minha energia vai. E eu prefiro gastar essa energia vivendo, crescendo, fazendo o que me move, do que alimentando tristeza sem fim. E claro que o descanso também é necessário, claro que tem dias em que o corpo pede pausa. Mas é diferente quando essa pausa é merecida e consciente, e não uma ausência de vida.
No fim das contas, eu gosto mesmo é de ter o dia cheio. Gosto de sentir que tô construindo algo. Que tô ocupando minha mente com coisas boas, com coisas que me fazem crescer. Gosto de saber que, mesmo quando o mundo parece pesado, eu tô fazendo minha parte pra não me afundar nele. Porque mente ocupada não tem espaço pra dor desnecessária. Mente ocupada é alma protegida. E é isso que eu quero: me proteger. Me cuidar. Me manter em movimento.
E talvez essa seja a chave pra muita coisa: manter o coração batendo no ritmo da vida, sem deixar que o vazio tome conta. Porque quando a gente se distrai com a vida, os fantasmas perdem força. E a gente vai, leve, firme, e cada vez mais inteira.