forever young
Tem um professor na minha escola que ninguém escuta.
Ele entra na sala, faz chamada, abre o caderno, conecta o projetor…
E começa a aula como se o mundo estivesse prestando atenção.
Mas ninguém está.
As conversas continuam, os cochichos tomam conta do espaço.
Tem gente com fone escondido, tem risadas abafadas, tem distração por todos os cantos.
E ele ali, firme.
Com a postura de quem acredita no que faz, mesmo que ninguém repare.
Eu e minha amiga começamos a chamá-lo de Forever Young.
Aquela música triste, com gosto de saudade, de juventude que escapa pelas mãos.
Não sei por que, mas ele parece carregá-la nos olhos.
Como se, em algum lugar do tempo, tivesse parado — ainda esperando que alguém quisesse aprender de verdade.
E tem algo de doloroso nisso.
Ver alguém tentando tanto, e sendo tão ignorado.
Tem dias em que ele faz perguntas e ninguém responde.
Tem outros em que ele ri de uma piada feita por ele mesmo, e o riso ecoa sozinho pela sala.
É como se ele existisse num mundo paralelo — um onde ainda há esperança.
E mesmo assim… ele continua.
Chega no horário.
Faz os slides.
Explica com calma.
Desenha no quadro.
Corrige provas com cuidado.
Como se houvesse, no fundo dele, uma fé silenciosa de que alguém, um dia, vai ouvir.
Vai entender.
Vai lembrar.
Eu vejo isso.
E por mais que eu também me distraia às vezes, por mais que eu não saiba o conteúdo inteiro da aula dele…
Tem uma parte minha que admira essa constância.
Essa presença discreta.
Essa coragem de seguir, mesmo sem aplausos, mesmo sem plateia.
Tem algo de bonito em continuar mesmo quando ninguém nota.
Tem algo de humano nisso.
Algo que toca fundo.
Ele é nosso Forever Young.
Não porque parece jovem, mas porque carrega o sonho que muitos já abandonaram:
O de acreditar que vale a pena ensinar.
🌫️
Reflexão final:
Você já prestou atenção em alguém que todo mundo costuma ignorar?
Talvez existam mais "Forever Youngs" por aí — e tudo o que eles precisam é de um olhar.