Tem uns silêncios que não são só ausência de som. São cheios de sentimento. Você já reparou nisso? Tipo aquele silêncio que vem quando a gente esbarra, sem querer, numa foto antiga. Pode ser rolando o rolo da câmera, abrindo uma lembrança do Instagram, ou aquelas notificações aleatórias do Google tipo “há 4 anos hoje”. Você clica. Olha. E, de repente… fica em silêncio.
Não é que você não tenha o que dizer. É só que tem coisa demais passando pela cabeça pra conseguir transformar em palavras.
Você olha aquela versão sua ali na tela — sorrindo, posando, fazendo graça, talvez com gente que hoje já nem faz parte da sua vida. E pensa: “Caramba… olha como tudo mudou.”
A mudança não é só no rosto, no cabelo, no filtro usado. É no jeito de olhar, na postura, no brilho nos olhos. É na energia que a foto carrega. Às vezes, parece que a pessoa da imagem nem é você. E, ao mesmo tempo, é tão você que dá vontade de voltar correndo pra aquele dia e dizer: “Aproveita mais isso aqui.”
Tem foto que dói. Porque lembra uma fase boa que acabou. Porque tem alguém ali que foi embora. Porque mostra um momento que parecia eterno, mas que passou. E tem foto que faz a gente rir de nervoso. Tipo: “Olha o look que eu usava.” ou “Nossa, eu jurava que aquilo era o fim do mundo e hoje nem lembro mais o motivo.”
Mas o mais louco mesmo é perceber o quanto a gente mudou — sem nem ter percebido. As fotos guardam versões da gente que não existem mais. E tá tudo bem. A vida é isso: uma sequência de versões atualizadas. Tipo quando o celular pede pra atualizar o sistema e você nem sabe o que mudou, mas sente que tá diferente.
Só que aí vem o silêncio. E com ele, aquela pausa que a gente quase nunca faz no meio da correria. Uma pausa pra lembrar. Pra sentir. Pra se reconhecer. Pra agradecer também — por tudo que já viveu, pelas pessoas que passaram, pelas fases que ensinaram, pelos tombos que pareceram fim e só foram recomeço.
E nesse silêncio, às vezes vem um aperto no peito. Às vezes vem um orgulho. Às vezes vem saudade. E tem dia que vem tudo junto. A gente só sente, sem conseguir explicar direito. Porque tem sentimentos que não cabem nas palavras — só no silêncio mesmo.
No fim das contas, ver fotos antigas é tipo conversar com o seu eu do passado. É olhar nos olhos de quem você já foi e dizer: “Obrigada por ter sido você. Eu sou quem sou hoje por causa de tudo que você passou.”
E mesmo que o tempo passe, mesmo que tudo mude, tem algo que permanece: a história. A sua história. Cheia de fases, de altos e baixos, de despedidas e recomeços. Uma história que continua sendo escrita. E que, mesmo com as pausas silenciosas, é linda do jeitinho que é.