Pra mim, uma das coisas mais íntimas que eu posso dar pra alguém é um abraço longo.
Tipo aqueles abraços que não são só um encostar rápido, sabe?
É aquele abraço que demora, que aperta, que faz a gente fechar os olhos e sentir um silêncio confortável, como se o mundo lá fora pudesse esperar um pouco. Eu não sou de abraçar qualquer pessoa assim, e nem de ficar muito tempo no abraço. Então, quando eu sinto vontade de morar num abraço, é porque ali tem algo diferente — algo que vai além do toque físico.
Tem muita gente que abraça por educação, por costume, ou só porque é um gesto social. Eu também já fiz isso, claro, até porque às vezes a gente precisa de um pouco de contato, de calor humano, mesmo que não seja com alguém tão próximo. Mas quando eu abraço de verdade, quando eu deixo o corpo relaxar e fico ali, firme, sem pressa de soltar, é porque eu confio naquela pessoa. É como se, naquele momento, aquele abraço fosse um lugar seguro, um espaço onde eu posso ser eu mesma, sem máscaras, sem medo de ser demais ou de não ser suficiente.
Eu sou do tipo que sente muito, mas não fala tanto assim. Então, muitas vezes, o abraço vira a minha voz — ele diz o que eu não sei colocar em palavras. É o jeito que eu encontro de mostrar que eu me importo, que eu tô ali pra você, que você pode ficar e que tudo vai ficar bem, mesmo que a gente não fale nada. É um “tô contigo” silencioso, mas cheio de significado. É um cuidado que se mostra pelo toque, pela presença, pela vontade de permanecer ali, juntos, só sentindo a companhia um do outro.
E sabe o que é mais louco? É que eu não me entrego fácil. Não deixo qualquer um chegar perto desse meu espaço interno tão cheio de muros e proteções. Mas quando eu deixo, quando eu ofereço um abraço assim, com peito aberto, é porque ali tem verdade, tem confiança, tem um sentimento que não cabe em pouco tempo ou em gestos superficiais. É quase uma confissão sem palavras, uma forma de dizer “você é importante demais pra mim” sem precisar falar nada. E se eu te abracei assim, saiba que foi real — porque meus abraços longos são raros, são preciosos, são um pedaço do meu afeto que eu escolho dividir.
Tem dias que tudo parece meio pesado demais, sabe? Quando a cabeça não para, quando o coração aperta e a gente não sabe bem o que fazer com aquilo tudo. Nesses dias, eu queria mesmo é um abraço desses. Um abraço que seja refúgio, que seja calmaria, que seja um lugar onde eu possa me esconder do mundo, nem que seja por uns minutos. Um abraço que diga “fica aqui, tá tudo bem agora”. E quando eu dou esse abraço pra alguém, é como se eu estivesse dividindo esse refúgio, dizendo “você também pode se sentir seguro aqui comigo”.
Pra mim, abraço é muito mais que um gesto físico. É linguagem, é conexão, é uma forma profunda de cuidado e presença. E eu não dou esse tipo de abraço pra qualquer pessoa, porque meu afeto tem peso. Eu aprendi a guardar meu carinho, meu toque, minha presença pra quem realmente merece. Porque, no final das contas, esse abraço longo é como um sussurro do coração, um jeito silencioso e intenso de amar.
Então, se um dia eu te dei um abraço assim — daqueles que duram, que apertam, que fazem você sentir que pode ficar mais um pouquinho — saiba que você ganhou algo raro. Você ganhou um pedaço do meu afeto mais verdadeiro, da minha confiança mais profunda. E isso, pra mim, é uma das formas mais puras de mostrar amor, cuidado e entrega. Porque onde faltam palavras, sobra sentimento. E tem coisa que só o coração entende mesmo.